sábado, 22 de junho de 2013

O Reino já veio?





Teologia bíblica- Reino de Deus.

A intenção aqui não é ser exaustivo, também não aplicá-la efetivamente para nossos dias, a intenção aqui é explicar o Reino de acordo com a teologia bíblica (1) e dar um panorama geral sobre o Reino de Deus.

Neste texto faremos o estudo do tema do Reino de Deus (Basileia Tou Theou) (2), principalmente alicerçado nos ensinos dos Evangelhos sobre o assunto.

1- Reino no Antigo Testamento.

Embora a frase Reino de Deus, não seja utilizada no Antigo Testamento para descrever a nova ordem que é introduzida pelo Dia do Senhor, tal ideia flui em meio aos profetas. Encontramos no Antigo Testamento um contraste entre a presente ordem de coisas e a ordem redimida do povo de Deus.

2- Visão judaica de Reino.

Há dupla ênfase sobre a soberania real de Deus. Ele é frequentemente referido como Rei, tanto de Israel, como de toda terra (Ex 15:18; Is 6:5; Jr 46:18; Sl 29:10). Então, Deus já é mencionado como Rei, mas também vemos outras referênciafalando de um dia em que Ele se tornará Rei e governará seu povo (Is 24:23; 33:22). Esta forma do Reino futuro é tida tanto na história, quanto na irrupção de Deus como propósito divino de restauração plena do Reino.

Todavia, para o judaísmo, a concepção de Reino de Deus se tornou muito mais escatológica apocalíptica do que histórica, tendo em vista a expectativa que eles tinham de um Reino através do descendente de Davi em um cenário politico terreno (Is 9:11).

Quando esta expectativa se esvaeceu, após o retorno do exílio, esta esperança de um Reino na história foi substituída por um desejo ardente de uma ação de Deus para cumprir o propósito redentor.

3-Vinda do Reino.

Com o anúncio por parte de João Batista de que o Reino havia chegado envolvendo dois aspectos. Um duplo batismo deveria acontecer: Com Espírito e com fogo (Mt 3:11, Lc 3:16), (3). Jesus inaugurou o Reino, embora não de maneira definitiva, como se esperava.

Com os sinais, Ele demonstrou seu poder sobre os demônios (Mc 5:15). Podemos dizer que foi a sobreposição do poder do Reino de Deus, sobre o reino de Satanás na história (Mt 12:28). Em lugar de esperar até o fim dos tempos para revelar seu poder real e destruir o mal satânico, Jesus declara que Deus já atuou em seu poder real para deter o poder de Satanás (4).

4- Entrada no Reino.

Embora as distinções de João Batista e Jesus quanto a realidade do Reino, no sentido de implicações em sua vinda (5), os dois anunciaram o arrependimento, sendo essencial e vital para entrada no Reino.

Sem o arrependimento, não há formas de entrar no Reino, essa é em ordem cronológica a mais importante do novo testamento, João Batista, foi o primeiro que pregou sobre essa doutrina tão importante, ele pregava para que as pessoas se arrependessem e se batizassem, ele pregava sobre o batismo de arrependimento. Não muito distante disso, o próprio Jesus, incentivava as pessoas de que o Reino estava próximo, então, que se arrependessem e acreditassem no evangelho (Mc 1:14-15). Seria impossível retirar dos ensinamentos de Jesus, a doutrina do arrependimento, sem estraçalhar e destruir seus ensinos.

5- Mistério do reino.

O mistério do Reino é a vinda do Reino para a história como uma antecipação de sua manifestação apocalíptica (6).

5.1- Tensão sobre o Reino, duas eras.

Existia uma confusão quanto ao estabelecimento de um reinado de Deus no futuro.
É vital fazermos algumas considerações judaicas escatológicas de duas eras, para entendermos o mistério.

Para os judeus, a era presente é marcada com a queda de Adão, com a entrada do pecado e o início de uma era marcada pela morte, doença, sofrimento e então a vinda de Cristo antecipou a era futura de redenção, uma era onde o reino de Deus viria com força, rompendo com o poder o reinado do pecado e das trevas, então o Reino de Deus é trazido a era presente, sobrepondo a antiga era, mas não a eliminando por completo, era desta forma que os evangelistas e também o apostolo Paulo entendia em relação as duas eras.

Cristo inaugurou um era futura. Com sua ressurreição, derrotou a morte e todos inimigos.

 Esta nova era começou na história com seu advento, mas ainda não foi totalmente concluída, isso se dará em sua parousia.

Uma vez instituído o Reino, vemos várias características presentes através das parábolas de Jesus.

5.2- Ensino sobre o Reino por parábolas:

Uma maneira muito comum entre o povo judeu, era o ensino por meio de parábolas, as parábolas de Jesus, eram histórias contadas para transmitir um fundo espiritual.

Uma história verdadeira com um significado espiritual por demonstração. Eram um meio de comunicação eficaz, pois, devido a seu formato de história, logo despertavam o interesse dos ouvintes.

5.3- Porque Jesus falava por parábolas?

Quando os discípulos perguntaram a Jesus porque falava com as pessoas por meio de parábolas (Mt 13:10; Mc 4:10), Ele disse que tinha duas finalidades:
Uma era revelar verdades a seus seguidores, e a outra ocultar a verdade aos de fora (Mc 4:11), (7).

Todas as parábolas (8) ensinam algo sobre Jesus, seu Reino ou seus seguidores, é importante ao interpretar as parábolas ter em vista que todas se referem de alguma forma ao Reino de Deus. Jesus usava de vários aspectos comuns a época, comércio, agricultura e pecuária, aspectos domésticos, eventos sociais e elementos religiosos.

Na maior porção reunida especificamente sobre o Reino, vemos no capítulo 13 de Mateus, uma série de parábolas que contam a chegada, a progressão em um certo sentido do Reino e a consumação no futuro escatológico, falando a que o Reino se comparava. Não dizemos com isso que somente neste capitulo as parábolas faziam referência ao Reino, mas que sem dúvidas são uma boa porção agrupada delas, no que se refere a vinda do Reino com a presença do Senhor Jesus em duas etapas, ou em outras palavras: "O Reino chegou, mas não totalmente em sua plenitude."

Estas colocações de Jesus sobre o Reino, no capítulo 13, se iniciam logo após no capítulo 12 os fariseus o acusarem de que fazia as maravilhas pelo poder de Belzebu, então como demonstração da chegada do Reino Jesus contas as sete parábolas no capitulo 13 de Mateus:

1- O semeador, 13:13-23 : A maioria das pessoas rejeitará as boas novas do evangelho.

2- O trigo e o joio, 13:24-30: Pessoas de fé autêntica e pessoas que dizem falsamente ter fé coexistirão durante o período que separa as duas vindas de Cristo.

3- O grão de mostarda,13:31-32: O Reino que um dia será uma grande árvore, já se encontra presente no mundo de forma frágil e insignificante.

4-O fermento, 13:33-35: O reino de Deus já se encontra na terra, porém de maneira difícil de se perceber, um dia dominará toda a terra.

5-O tesouro escondido e a pérola, 13:44-46: O reino de Deus é de valor inestimável e deve ser buscado acima de todas as outras posses.

6- A rede, 13:47-52: Os anjos separarão os ímpios dos justos, quando Cristo vier.


6- Características moradores do Reino descritas nas parábolas:

Com a chega antecipada do Reino rompendo na história escatológica (9), nesta época eles já começaram a desfrutar das primícias do futuro em Cristo, os moradores do Reino tem como características:

6.1- Compaixão: O bom samaritano (Lc 10:25-37).
6.2- Humildade: A recompensa do servo (Lc 17:7-10).
6.3- Fidelidade: Os dois servos; os talentos; as minas (Mt 24:45-51; Mt 25:14-30; Lc 19:11-27).
6.4- Oração persistente: O amigo a meia-noite; o juiz iníquo (Lc 11:5-8; Lc 18:1-8).
6.5- Perdão: O credor incompassivo (Mt 18:23- 35).
6.6- Disposição de se sacrificar: A torre inacabada e a guerra precipitada do rei.
(Lc 14:31-33).

Os cidadãos do Reino possuem características especiais, porque eles nasceram do Espírito e não somente da carne (João 3:7), (10).


7-Reinado futuro.

Cristo inaugurou o Reino e trouxe com ele todos os benefícios, todavia, fica claro que chegará um dia em sua parousia, em que todas as bençãos serão desfrutadas plenamente, e o romper de Deus será para separação dos bodes das ovelhas (Mt 25:33), do joio e do trigo (Mt 13:24-30), os inimigos serão derrotados em sentido pleno, onde o sofrimento, a dor, a morte e Satanás serão completamente derrotados (Ap 21:4). Este reinado futuro é tanto uma certeza por já existir no momento, como uma esperança (Rom 5:4) por parte dos cristãos, esperança que traz o sentido que é garantido este evento porque Deus cumpre suas promessas.


Notas:

1-Teologia do Novo Testamento- George Eldon Ladd, Hagnos, pág 38.

2- Entendemos por Reino de Deus, o reinado de Deus na história e de maneira a estabelecer sua justiça por meio de eventos finais na historia julgando(eventos apocalípticos), mas que já entrou para a historia humana na pessoa e na missão de Jesus.

3-João Batista também tinha a perspectiva da mesma forma que os profetas do antigo testamento, de que os dois atos messiânicos aconteceriam como dois aspectos de uma única visitação, salvação dos justos e julgamento do impios,

4-Teologia do Novo Testamento- George Eldon Ladd, Hagnos, pág. 93.
O Reino de Deus nos ensinos de Jesus, tem dupla manifestação: Na missão de Jesus aprisionar Satanás; e no fim dos tempos destruí-lo.

5- João ouvindo falar do feitos de Cristo enviou dois de seus discípulos (Mat11:2), Os fatos até então realizados não eram os que João esperava, não havia acontecido nem o batismo do Espírito nem o de fogo, como resposta Jesus afirmou que a profecia messiânica de Isaías 35:5-6 havia sido cumprida.

6- Teologia do Novo Testamento- George Eldon Ladd, Hagnos, pág. 128.

7- A Interpretação Bíblica, Roy B. Zuck, Vida Nova, pág. 229.

8-As parábolas são divididas nos evangelhos da seguinte maneira: Mateus contém 18 (11exclusivas), Lucas contém 22 (15 exclusivas), Marcos contém 5 (duas exclusivas).

9- Não dizemos que não existia Reino no Antigo Testamento, já existia ação de Deus na história, podemos constatar no Êxodo , mas a vinda de Cristo antecipou o Reino futuro esparado, não da maneira esperada pelo povo judeu (religiosos da época principalmente), que pedia sinais, dando inicio a um Reino que também já tem seus moradores e participantes, assim como no futuro os moradores desfrutarão plenamente deste Reino em sua forma completa.


10- Eles não estão mais em Adão, mas agora estão em Cristo, ou seja eles tem uma nova filiação, nestes termos principalmente de mudança escatológica, embora reconheçamos que existem ligações indivisíveis do crente está em Cristo e Cristo está no crente, também estar em Cristo é estar dentro da Igreja dele, mas especificamente estar em Cristo é estar no Reino e debaixo de sua filiação.

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